Ter a liberdade de poder percorrer territórios e linguagens diversas pelo simples prazer de viver e experimentar... Sem preconceitos e sem medo... A arte é única, só fala diferentes linguagens...Kira Luá


4º PREMIO IEAVI " PREGOS SERVEM PARA PENDURAR COISAS E PRENDER SONHOS..."

PREGOS SERVEM PARA PENDURAR COISAS E PRENDER SONHOS é o primeiro trabalho de estudo que eu chamo de apreciação e analise 1 sobre pregos de uma serie de 4 conceitos funcionais do prego, que propõe trabalhar como: 1-pendurar, 2-fixar, 3-construir e 4-machucar.
“Gosto do formato do prego, principalmente quando ele esta velho, torto, enferrujado. Este objeto tem vários conteúdos positivos de construção e fixação, mas ao mesmo tempo é antagônico, desconfortável, rude, podendo ate machucar. Rico nas possibilidades de conteúdo e conceitos , me faz criar inúmeras formas de expressão, aqui mostro também pela primeira vez, meu trabalho em fotografia digital. As fotos foram tiradas no meu espaço de trabalho e a instalação de certa forma, representa esse meu universo profissional, de oficina e atelier num galpão rústico, rodeada de pregos por todo lado, a cor azul pintada em pequenos detalhes é um elemento que percorre minha linguagem estética....”
Nesta instalação que chamo de instalação compartilhada, o publico compartilhou a performance escrevendo seus sonhos nos papeis e penduraram nos pregos da instalação...
Ate o final da exposição os visitantes poderam participar com seus sonhos...




Performace de Kira LuáRoger Coicev

Curador e professor José francisco Alves 

Artista visual Gaby Benedyct prendendo seu sonho..

Amiga Maria Helena Accorsi Willrich e  escultora Arminda Lopes prendendo seu sonho..

Ricardo Osewisky prendendo seu sonho.. 

Secretário Estadual de Cultura Victor Hugo Alves da Silva, Diretora do MAC RS e do IEAVI,Ana Aita, Vinicius Viera Presidente da AEERGS e













conselheiro de cultura e o artista plástico Ubiratan Fernandes

Roger Coicev musico, parceiro nas performances,  criação musical.


texto critico de Andre venzon sobre minha exposição No Mario Quintana
UM PORTA-SONHOS..
Canela, Rio Grande do Sul, Solar Azul do Galo Cantante, março de 2014.
Numa manhã de domingo, daquelas em que o sol prevê o outono, visito o ateliê da artista Kira Luá (São Paulo/SP, 1963). Localizado no sopé do Parque das Sequóias, o lugar exala inspiração por todos os lados. Singelas e coloridas habitações são rodeadas de jardins e esculturas, que compõem a camuflagem caleidoscópica desta paisagem.
O convite para conhecer este recanto da artista chegou recentemente, a propósito da exposição OS PREGOS SERVEM PARA PENDURAR COISAS E PRENDER SONHOS..., selecionada pelo edital do IV Prêmio do Instituto Estadual de Artes Visuais / IEAVi – distinto concurso público para a divulgação e valorização da produção artística contemporânea do Rio Grande do Sul – que esperamos seja tão duradouro, quanto a qualidade dos seus artistas.
No entanto, nosso primeiro contato foi em janeiro de 2011, quando o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul / MACRS − ao qual tive o privilégio de servir − organizou um Leilão de Arte Contemporânea, em prol da cidade gaúcha de São Lourenço do Sul, arruinada pelas fortes chuvas de verão daquele início de ano, para o qual a artista doou uma obra. Neste ato inaugural da nossa amizade, iniciei a observar e perceber, embora ainda sem a merecida atenção, o espírito criativo e engajado da artista. Em especial, a partir da nascente série batizada de “Seres Imaginários”.
Todavia, estas fantásticas criaturas multicoloridas são uma parte do universo subjetivo em que habitam as obras de Kira Luá. Filha de pai francês e mãe chinesa, casada com o escultor italiano Mario Palermo e mãe de dois filhos, é formada em arte educação pela Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP (São Paulo, 1985), com especialização em arte terapia e complementação em educação ambiental. Porém, antes de ser artista, desde sua adolescência, Kira já sonhava com a ideia de viver em meio à exuberância da natureza (pausa para observar uma grande borboleta branca, que se alimenta com tranqüilidade da polpa de um caqui vermelho, explodido no chão verde do pomar da artista).
A diversidade da sua origem étnica já revela muito da sua generosa herança humana, do gosto de provar o mundo a sua volta, de experimentar, atavicamente, as forças vivas que a constituem − da minúscula fécula de uma raiz, avançando pelo calcário de conchas e areias que formam há milênios o solo terrestre, de onde também extrai o barro que faz brotar suas formas artísticas, até a solidez das rochas, cujos volumes aparentemente inertes, são provocados pelo seu olhar ao desafio da gravidade. Tudo são sedimento e construção no trabalho da artista.
Em algum momento deste inventivo percurso, Kira interrompe sua seqüência narrativa para contar que as pedras dançam... Pensativo, ouço o zumbido das abelhas que ocupam a copa de uma frondosa árvore ali perto. Seria ao som da floresta que os espera? Deduzo. Provavelmente, pois é intenção confessa da artista animar tais formas caminhantes por todos os lados deste idílico local. Lê-se em uma das suas caixas um haiku:
Lascadas ao tempo
as pedras ficaram
penduradas ao vento
elas dançam
Ainda refletindo, sou apresentado agora a um velho sarrafo de madeira, crivado de pregos enferrujados e buracos de insetos, que hoje são apenas memória das suas remotas casas. O retilíneo barrote parece marcar, em cada intervalo da sua colunata de pregos, uma linha do tempo. Suspenso sobre dois tripés de ferro, não sabemos de que lado são o início e o fim. Contudo, somos levados a crer, de modo surpreendente, que um simples pedaço de pau abandonado, que um dia serviu para uma edificação qualquer, cause tamanho deslumbramento a alguém, a ponto de criar deste objet trouvé uma obra de arte conceitual a la Marcel Duchamp: um original “porta-sonhos”.
O que podemos achar deste trabalho de que estamos diante agora, senão que está carregado de um sentimento libertário e corajoso que edifica a obra da artista e o ser humano que a compartilha. Uma exposição fotográfica dentro do tema e um ato performático completam a instalação, na qual dispensa acessórios hodiernos em alguns pregos que os servem na sua banal utilidade, enquanto outros ficam livres para igualmente “dançar” ao som do músico Roger Coicev, a espera de encabeçar desejos, poemas e sonhos do público ao seu redor.
Assim, o valor da arte de Kira transcende, cada vez mais, porque é feita “de todos e para todos”. Não é de se estranhar, portanto, a monumentalidade que suas esculturas aspiram no território da expansão criativa. Como exemplo, citamos a recente obra Kikitóide, em Gramado. Este seu modo de ver, pensar e expressar o mundo nos remete ao legado da artista francesa Niki de Saint Phalle (1930-2002), cujas obras são como uma declaração universal de liberdade do indivíduo, das quais Kira Luá também é uma autêntica herdeira.
André Venzon
Artista visual e curador independente

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